Diário de Uma Quarentena #08042020


Acordei muito cedo hoje e num dia positivo. Estou finalmente a aceitar a realidade que vivo há 29 dias. Não sei quantos mais dias de quarentena me restam, mas mais vale que sejam positivos do que negativos. O reverso desta aceitação é que estou bastante irritada com o optimismo infundado que vejo à minha volta. Soa-me tudo a uma estratégia de fuga da genuína oportunidade de mudança.

Tenho dormido bastante mais nestes dias. Geralmente 9h a 10h por noite e isso tem sido vital na minha sanidade mental. Acabo por me deitar mais tarde do que o faria se o meu filho estivesse em casa, mas sabe-me a vida adulta. 

Hoje trabalhei de manhã mas com fraca produtividade. Almocei no whatsapp com uma amiga que tenho vindo a conhecer melhor e com quem aprecio genuinamente conversar. Identifico-me bastante e só tenho pena que ela viva em Aveiro e não esteja mais perto. Acabei por passar a tarde ao telefone a fazer a ronda de amigos. Estava a precisar disso!

Pelo meio ando numa saga de salvar um gato vadio que teve o azar de cair no terraço do meu prédio e onde parece ser impossível aceder. Já falei com Bombeiros (uh! uh!), com o Canil Municipal (de quem apresentei uma queixa porque a opção que me deram foi deixar o gato morrer), com a PSP e inclusivamente com o PAN. Acho que estou a canalizar a minha frustração toda na tentativa de salvação de um animal indefeso. Ainda estou a aguardar que salvem o gato desde 6a feira! 

O ponto alto do meu dia foi claramente o molho de grelos que tinha encomendado e fui buscar à tarde! Estou a preparar-me para os comer com uma alheira! Se não fosse portuguesa de gema acho que me mudava! Adoro a nossa gastronomia.

Estou cansada do confinamento obrigatório, mas sem dúvida nenhuma que isto me tem permitido perceber de quem quero estar próxima na minha vida. E se há pessoas que se têm revelado anjos da guarda, há outras de quem agradeço a distância. Agradecer pelo afastamento do mau é tão ou mais importante do que agradecer o bom que temos na vida. 

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Idade da Reforma:

Vou ao supermercado à mesma hora que os velhotes de 70 anos!